A falácia de que as mulheres amadurecem mais rápido que os homens só colabora para que sejamos ainda mais cobradas – como se isso fosse possível – e para que eles, em contrapartida, sejam cada vez mais facilmente perdoados por suas eventuais infantilidades.
Não há nenhuma evidência de que, cientificamente, nós amadurecemos mais rápido. Mesmo assim, não é raro ver trintões que ainda exigem que suas mães lavem suas cuecas e compartilham revenge porn no Whatsapp.
Não generalizo, e nem poderia, já que o processo de amadurecimento é diferente para cada pessoa, mas o fato é que aos homens é socialmente permitida uma infantilidade, muitas vezes, patética.
Penso nisso todas as vezes em que vejo um homem de casado e de cabelos brancos brotando no meu inbox com mensagens de assédio. Ou um trintão que troca a esposa por uma menina de quinze anos. “Estou apaixonado”, eles dizem, e isso justifica qualquer atitude, mesmo as mais insanas.
A realidade – triste, confesso – é que alguns homens se valem dessa condescendência crônica para recusarem-se terminantemente a crescer.
Não os condenaria. A vida adulta assusta a todos nós e muitos adorariam fugir. É sempre mais fácil errar e justificar: “estou na idade…” ou “homem é assim mesmo”, mas nós, mulheres socialmente educadas para o amadurecimento (muitas vezes precoce) farejamos, de longe, os trintões que ainda levam suas vidas como se estivessem na puberdade.
Estes, em geral, precisam de atenção incondicional. Não fazem o mais ínfimo esforço para conduzirem uma relação a dois, entendem a promiscuidade jovial por muitas de suas décadas e jamais reconhecem a necessidade que todos nós, independente de gênero, temos de crescer.
Uma mulher madura não precisa – e não deve – aceitar um relacionamento com um homem que se recusa a entrar na vida adulta. Nós, com nossos tantos afazeres e nossos tantos objetivos com que só o amadurecimento nos presenteia, de fato não temos energia para educar quem devia ter-se educado há alguns anos. Este não é um papel nosso.
Nós gostamos de homens. Os filhinhos da mamãe, os coroas reis do camarote e os eternos adolescentes só servem como laboratório involuntário para que observemos o que definitivamente não queremos para as nossas vidas.