• Onde foram parar minhas borboletas no estômago
  • Onde foram parar minhas borboletas no estômago


    Há dias venho tamborilando os dedos no teclado e não me sai uma linha. O que tenho publicado? Tudo antigo, na maioria sentimentos requentados e guardados para depois.

    Não há nada novo debaixo do sol, nenhuma emoçãozinha recente que me faça querer falar sobre. Não tem frio na barriga, nem coração saltitando feito escola de samba no peito. Acho que matei as borboletas do meu estômago.

    Vou estar numa grande encrenca caso elas tenham algum tipo de proteção ambiental, eu sei, mas não resisti, mirei nelas e meti bala a valer até não poder enxergar mais seu arco íris farfalhante.

    Não me serviram de nada esses seres serelepes que agitavam minha mente e entranhas. Eram mãos suando para nada, cabeça girando para lugar algum, voz vacilando com pessoas as quais eu deveria ter gritado um “get out here” com o melhor British accent que eu conseguisse puxar.

    Foi muito transbordar de amor e boa vontade à toa. Não me entenda mal, amor é sempre bom e válido, concordo. Mas o amor próprio é que realmente te salva do desamor alheio. E foi dele que me esqueci por um tempo.

    Esqueci que meus cabelos precisavam de vento para bagunçar, que meus pés sempre quiseram dançar loucamente até nascer o sol, que eu era engraçada, inteligente e charmosa. Aceitei um papel da grande mulher atrás de um grande homem. Pode parando aí! Atrás!? Não mesmo, ou você me deixa ao lado ou engole poeira. Precisei de terapia para compreender que essa sou eu.

    Então, to aqui olhando para meu box de ” O Poderoso Chefão” e me sentindo mais fria que o cruzar de pernas do Al Pacino, antes de uma ordem. Que raio deixei fazerem comigo? Eu olhava o mundo com lentes cor de rosa, em que ponto deixei que me quebrassem os óculos?

    A poesia me diz para ter esperanças, os filmes bonitos me iludem e dizem que tem alguém dobrando velozmente a esquina, disposto a recuperar minha crença na reciprocidade. Pois bem, meu caro estranho, pise fundo no acelerador, eu estou aqui te esperando, mas por favor, não seja um amor desses de frio na barriga, porque desses ando desconfiada.

    Realmente cansei de amores que te reviram por dentro, que te fazem subir em nuvens… Esse tipo tem mania de te deixar despencar delas e espatifar em pedacinhos minúsculos. Quero conforto, sossego, taça de vinho dividida, silencio não constrangido, risada alta e a segurança de algo intenso sim, mas uma intensidade crescente, construída e continua.

    Porque amor bom não é o tipo fogos de artificio que começa brilhante, explosivo, aquece rapidamente e termina mais rápido ainda. Amor tem mais a ver com aquela lareira, que te faz encarar uma nevasca para cortar lenha, que precisa ser mantida para que o fogo fique aceso, mas que se bem preservada te aquece, conforta e suaviza o frio da vida. E é desse tipo de amor que ando querendo, com menos borboletas imaginárias e mais convites para viver dias encantadoramente reais.

    loui


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