• Ame enquanto ainda existe amor
  • Ame enquanto ainda existe amor


    A gente nunca sabe quando acaba. É só se distrair um pouco numa conversa boa que acaba o sorvete, o filme, o dia, uma história, oportunidades. A mesma chance não costuma passar duas vezes pela nossa esquina. Certos acasos afortunados são raros e na maioria das vezes, infelizmente, bastante negligenciados. Diria que o mal da humanidade hoje é a certeza. Do tempo, ou melhor, de sua imensidão, e daquilo que podemos deixar para depois. A realidade, no entanto, samba na nossa cara de salto agulha o contrário. Tempo é pedra preciosa em jardim infértil. Ou você aproveita, ou se deixa secar.

    A vida é não saber. Os caminhos agora se cruzam, amanhã é meramente um talvez. O beijo pode nunca encontrar a boca desejada, o abraço pode se perder em outras calmarias, as desculpas podem não ter a chance de desfazer um incômodo, o doce pode derreter. Pode parecer comercial de margarina ou o final de um seriado qualquer, mas a vida e o amor são dois grandes clichês. Enormes por sinal. Tem que chorar, gritar, espernear, pedir pra ficar, pegar o avião, o trem, o telefone, enviar a mensagem com o emoji de coração mesmo, pagar pra ver, se jogar. O não a gente já tem, o máximo que vai acontecer é nada mudar. Agora olha que sorte: pensa se o mundo vira do avesso?!

    Irracionalidade é esperar por uma linha que ainda nem foi escrita. Criar todo um cenário de ilusão, expectativa, desconforto emocional, quando é muito mais fácil abandonar a zona de conforto e encarar a realidade. Se for recíproco que ótimo! Se não for melhor ainda que já sufoca de vez qualquer sentimento platônico que poderia estar florescendo. A gente sofre por covardia. Pelo medo da resposta, dos julgamentos, do que o seu autorretrato vai pensar se você agir com um pouco mais de ousadia. A dor, a solidão e a inércia se baseiam na possibilidade de uma negativa. Vida foi feita para ser vivida. Sentimento também.

    Ame enquanto ainda existe amor. Ofereça abraços enquanto houver braços. Diga o que sente, olhe nos olhos, dê meia volta ou dois passos adiante, coma o chocolate, atenda a ligação, se permita beber deste copo até a última gota. Espera-se que o amanhã escancare as portas igualmente ensolarado e com promessas de novas tentativas, mas certeza dessas de apostar de mindinho, a gente não tem. O amor infarta num segundo. Quando se vê já sucumbiu às artérias entupidas de tanta palavra não dita, de tanto arrependimento engasgado, de tanta pirraça que virou pedra no silêncio do tempo.

    Tempo. Nunca se sabe quanto a ampulheta do destino ainda nos reserva. Propostas melhores de emprego, um intercâmbio, reencontros, coincidências (?), aquela mensagem que te leva para o bar ao invés de para casa, o telefone sem bateria que te impede de avisar o atraso, o pneu furado que assinala o “tarde demais”. O caminho é cheio de imprevistos. Não espere uma reviravolta do universo para colocar o coração no seu devido lugar. Ame primeiro, pense depois. Devaneios brotam até quando se está distraído. Oportunidades são pássaros em voo é preciso aproveitar o pouso. Se o cortejo migratório chamar, o amor vai. E a gente, fica.

    danielle


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