• Não mudaria nada em você
  • Não mudaria nada em você


    Quando a gente passa a conviver muito tempo com uma pessoa, toda aquela máscara de perfeição cai e logo começamos a notar algumas coisas que nos incomodam no outro: ele nunca arrumar a cama, ela trabalhar muito, ele só gostar de comer junk food, ou ela ter o hábito de ir em casamentos usando sandália rasteira. Esses detalhes parem pequenos e bobos, mas quando se juntam a outros detalhes bobos, acabam virando um problema nas relações.

    O que acontece então?

    Tentamos mudar o outro. Eu vou me sentir mal se ele for na formatura da minha amiga usando tênis, então vou fazer de tudo pra que ele mude. Eu vou achar ameaçador que ela saia com as amigas toda semana, então vou dar um jeitinho de a manipular pra ela se sentir culpada e ficar em casa comigo. Eu acho bizarro a unha do pé dele, então vou torrar a paciência do coitado pra que ele vá todo mês num podólogo. Assim, pouco a pouco, vamos mudando o outro de forma que ele se aproxime do nosso conceito de pessoa ideal.

    O que a gente não nota nesse processo é que estamos apaixonados por uma pessoa imaginária. Criamos na nossa cabeça um ideal de par romântico que lava as louças todos os dias, que leva café na cama, que ama a minha família e que se veste no estilo hipster que eu amo. Só que o problema é que essa pessoa não existe. É apenas uma criação da nossa mente. Pode ser que a pessoa que você escolheu pra estar do seu lado seja um pouco bagunceiro, esqueça datas, não curta programas de família e ame andar de havaianas porque é confortável! E se você tentar mudar isso e outras coisas nele, o outro vai se tornando uma outra pessoa, uma pessoa que não é real. Talvez ele mude durante um tempo só pra te agradar, mas acredite, ninguém consegue passar a vida fingindo ser alguém que não é. Se o outro tiver amor-próprio, ele logo vai sacar que não vale a pena estar em um relacionamento no qual ele tenha que fingir ser outra pessoa e vai em busca de alguém que o ame como ele é.

    Esse raciocínio deveria ser simples, mas na prática é difícil aplicar. Ora, se não gostamos que ninguém nos mude, por que iríamos querer mudar o outro? O amor verdadeiro está em deixar o outro ser quem ele é, e amá-lo mesmo assim. Você pode até dar conselhos sobre coisas que acha que seriam melhor pra ele, mas se lembre: esse é o seu ponto de vista, e não o dele. Ele pode achar seus conselhos válidos ou não. Você pode achar que é um absurdo não arrumar a cama de manhã, mas ele pode achar que arrumar a cama é um desperdício de tempo, já que ela vai ser bagunçada novamente algumas horas depois. E como definir quem está certo? Os dois pontos de vista fazem sentido. Se vocês moram juntos, os dois têm direito de escolher como querem deixar a sua cama. Sabendo disso, o melhor caminho seria pensar: “Ok, eu gosto de arrumar a cama então eu arrumo a cama, e não o obrigo a fazê-lo” ou simplesmente, durmam em camas separadas, assim cada um deixa a sua como quiser. Com certeza terão outras coisas que ele vai fazer questão de fazer e que você nem vai dar importância, então o jogo irá se inverter. Por isso, o melhor é ser como você quiser ser e deixar que o outro faca o mesmo. Sem cobranças. Cada um vivendo como quer viver.

    E se alguma característica no outro realmente te incomodar e o outro não estiver a fim de mudar depois de você ter dado um toque, a solução é bem simples: partir. Ele é livre pra ser como quer ser e você é livre para decidir se quer ficar. Se algo que o outro faz te incomoda a esse ponto, então essa é a melhor decisão. Muito melhor do que tentar transformá-lo em alguém que não existe somente pra te fazer feliz. O outro não tem que te fazer feliz. Você tem que conseguir ser feliz sozinha, e então o jeito que o outro se veste ou as manias dele não vão te fazer menos feliz, porque você já é uma pessoa completa. O outro só está do seu lado pra somar mais felicidade, e não pra completar uma insegurança sua.

    Por isso, da próxima vez em que for pedir pra ele trocar aquela camisa que você detesta ou pedir pra ela parar de ouvir aquele álbum que você não gosta, pense duas vezes. Você pode estar apaixonado por alguém que não existe.

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