“Como assim ele sumiu, amiga?”. Não foi de uma vez só. Primeiro ele começou a demorar a me responder no WhatsApp. Cinco horas. Oito horas. Doze horas. Finalmente, três dias e nada.
Depois começou a inventar desculpas cada vez mais patéticas aos finais de semana. Ele precisava visitar os pais, ir à formatura do melhor amigo em outra cidade ou levar o cachorro no veterinário (nota: ele nunca mencionou que tinha um cachorro).
Amiga, se você sente que precisa se esforçar muito para manter algum contato digno com a pessoa que você escolheu amar, eu sinto muito, mas você está fazendo isso muito errado.
Não importa se ele diz que está cansado, confuso, com amigdalite (se bem que amigdalite é covardia) ou jobs atrasados: nós duas sabemos que a cruel verdade é que ele não dá a mínima.
Eu entendo você quando me diz que gostaria de entendê-lo – a gente costuma procurar justificativas para qualquer coisa que nos desaponte – mas querer entender quem não faz o mais tímido esforço para ser entendido é, digamos, estúpido.
É aquela velha história – meio clichê, é verdade, mas quem se importa? – de que quem quer arruma um jeito. E mesmo se ele estiver cansado ou confuso ou com amigdalite, ele vai, no mínimo, se fazer entender. Se fazer presente do jeito que der. Se ele simplesmente sumiu, há apenas uma explicação minimamente aceitável: ele quis sumir.
E, convenhamos: você não precisa disso. Você não precisa ser boazinha e compreensiva com quem não merece nem por um segundo. Há muitas pessoas disponíveis, sem jobs atrasados, sem amigdalite, sem formatura do melhor amigo e sem vácuos eternos no WhatsApp. Há muitas pessoas que jamais agirão como se você fosse difícil de amar e que são capazes de te priorizar numa noite de sábado e que não te fariam precisar ler um texto de auto-ajuda para se sentir melhor.
Mas já que você está aqui, eis o meu conselho: se ele sumiu, apenas suma de volta. Você provavelmente não perde nada.
