Pai é uma figura que vai nascendo aos poucos, ao longo de nove meses, e quando a gente finalmente nasce ele também floresce. Diferente da mãe que vê seu corpo todo se transformando para a chegada de um novo ser, o pai tem que aprender a importância desse novo papel que vai desempenhar. No primeiro anúncio da chegada de um ser pequeno, delicado e dependente ele ainda não entende que precisa aprender a moldar o tato das mãos calejadas da vida diária para segurar no colo um pedaço. A vida vai ensinando.
Com o tempo o abraço dele se aconchega no nosso. Os passos não são mais tão atrapalhados, o medo bobo de marinheiro de primeira viagem dá lugar à um grande companheiro de aventuras e a barba, que antes era sinônimo de virilidade, se torna engraçada e infantil. A insegurança inicial logo se transforma em movimentos certeiros, conselhos sábios e em uma postura não apenas de quem deseja mostrar o mundo com um olhar mais experiente, mas também de quem almeja absurdamente que aquela sua projeção tão íntima de amor seja imensamente feliz.
Pai de verdade entende que não precisa somente “ajudar” a mãe – ele sabe que seu papel é tão importante quanto o dela. Pai de verdade não se orgulha somente de fazer o lado divertido de ser pai: levar ao parque, jogar video game, ensinar a andar de bicicleta. Pai de verdade é aquele que cria junto com a mãe, que divide todas as responsabilidades. Que vive as dores e as delícias de ser responsável por um novo ser. Que não se acha super herói por estar simplesmente brincando com os filhos enquanto a mamãe faz o almoço.
Para aqueles que são mães e pais ao mesmo tempo então o trabalho é dobrado. É preciso cultivar todas as nuances ao mesmo tempo. Viver a dor do filho e ao mesmo tempo deixar ele viver, abrir a gaiola do mundo e dia após dia ir soltando as rédeas para a maturidade. Ser pai é mais do que ensinar a voar é estar presente mesmo após o pouso em outros ninhos (desapego que aperta fundo lá no finzinho do peito).
A todos os filhos: aproveitem cada segundo ao lado do seu “velho”. Beijem, abracem, digam que ama, sentem no colo, passeiem de mãos dadas e acima de tudo: AMEM. Muito, sempre, a todo instante. Que a experiência de ser um filho seja então inesquecível, que a dádiva de ser um pai seja em seu amanhã infinita. Irrevogável e absolutamente infinita.