• Já que a vida é frágil…
  • Já que a vida é frágil…


    Faz duas semanas que aconteceu o acidente com o Chapecoense. Pessoas que, até o instante do acidente, estavam cheias de planos e vontades. Gente que partiu sem se despedir de família, amigos e animais de estimação. Triste pra caralho, né? Muito. E também uma prova irrefutável do quão frágil é nosso bem mais valioso: a vida. E é sobre isso que sinto necessidade de escrever agora. Não exatamente sobre a fragilidade da vida, na real; e sim sobre comportamentos/pensamentos que podemos ter já que a nossa existência pode acabar numa piscada, sem aviso prévio ou chance extra.

    Eu não gosto muito de escrever listas, contudo, como minha vontade agora é desaguar uma chuva de conselhos sobre os mais diversos temas, abrirei uma exceção. E desejo que reflitam bastante e, principalmente, que mudem se acharem válido. Tá bom?

    1 – Não estenda desavenças por orgulho. Desentendimentos acontecem, eu sei. Mas existe um momento em que, apesar de já termos perdoado aquele que nos magoou, continuamos de cara feia e nos recusando a dizer “tá desculpado”. Não vale a pena manter as nuvens negras quando o Sol está em suas mãos, sério. Faça as pazes antes de dormir ou sair de casa. E não se sinta idiota porque o “Vamos ficar bem?” partiu de você. Pelo contrário: sinta-se emocionalmente inteligente por ter conseguido domar seu ego e sido a responsável por melhorar o clima com aquele que você ama. Foda-se quem começou! Isso é pensamento de criança birrenta que ainda não percebeu que a vida é breve demais para ser desperdiçada com “tô de mal de você” em forma de silêncio áspero.

    2 – O trabalho é importante, não podemos negar. Afinal, é graças a ele que nós (pessoas que não herdaram fortunas ou ganharam na Mega-Sena) conseguimos pagar as contas. Porém, se notar que seu trabalho está consumindo a sua saúde, não se acomode: procure uma alternativa melhor. E mesmo que a nova alternativa a obrigue a viver de um modo mais simples e sem certos luxos que tem hoje, ainda vale a pena cogitá-la, juro. Pois não há lógica alguma em gastar sua saúde para ganhar dinheiro. Principalmente se existe uma forma de obter o necessário sem jogar no lixo o que realmente é valioso. Não viva apenas para trabalhar: trabalhe para viver melhor com aqueles que você ama.

    3 – Cultive as amizades. E não estou falando apenas de trocar mensagens esporádicas pelo WhatsApp, viu? Pois isso, a meu ver, deve ser apenas um complemento daquilo que só pode ser feito no universo real, com direito a “eu te amo” e abraço apertado. Terá que vencer o chamado tentador da Netflix, preguiças homéricas, dormir menos, tomar chuva, deixar de lado o conforto do sofá… E mesmo assim será fantástico, pode apostar! Fantástico e essencial.

    4 – Presenteie-se mais. Faça mais as suas próprias vontades. Não confunda com sair por aí fazendo dívidas displicentes no cartão, viu? Não é isso. Mas se você sonha em conhecer Londres, por exemplo, em vez ficar repetindo “um dia eu vou” e colocar na poupança tudo que sobra do seu salário, pense em uma maneira de viabilizar a coisa. Mesmo que só daqui a dois ou três anos, sei lá. Mas pare de deixar para sei-lá-quando os passos em direção a seus sonhos que, se pensar bem, podem ser dados agora. Sabe o que é? Às vezes, ficamos à espera do cenário perfeito, do mês em que quinze mil reais cairão em nossa conta. Mas pode não acontecer nunca, né? Então, por que não fazer acontecer de outro jeito, como é possível no dia de hoje? E não falo apenas da realização de sonhos grandes como viagens ao exterior e coisas do tipo: refiro-me também a vontadezinhas miúdas – e que não envolvem grandes gastos financeiros – como experimentar ceviche de polvo e fazer uma aula de patinação no gelo. Se é possível hoje (ou no próximo final de semana), por que não materializar?

    5 – Perdoe-se. Pare de remoer cagadas. Outro dia, o motorista do Uber em que eu estava errou o caminho. Perdeu uma entrada e, por causa disso, demorou uns vinte minutos a mais para chegar ao meu destino. Acontece, certo? Mas o cara, após a confusão de direções, passou o resto do percurso dizendo coisas como “isso nunca me aconteceu” e “droga, eu deveria ter prestado mais atenção no Waze” – mesmo depois de eu ter lançado uma pá de “relaxa”, “não faz mal”, “tá tudo bem”. Então, já perto de casa, eu perguntei: “Você errou de propósito, com a intenção de me prejudicar?”. “Claro que não, senhor”, ele respondeu assustado, de imediato. Aí eu falei: “Então por que se culpar tanto? Eu poderia ter feito o mesmo se estivesse em seu lugar. Certo? E já foi. Esqueça isso, por favor. Acontece nos melhores Ubers!”. Se você matar um filhote de labrador a pauladas, é óbvio que terá motivo para se culpar por séculos. Mas muitas vezes erramos sem querer, sem deixar de lado o desejo de fazer o melhor. Nesses casos, analise o erro a fim de aprender com ele e, logo em seguida, vire a página. Já foi. Porque esta existência é demasiadamente fugaz para só olhar para trás.

    6 – Coma pão francês (o mais clarinho e mioludo) com leite condensado. Não tô zoando! Use o dedo indicador e o do meio para furar o pão no sentido vertical e depois preencha o buraco com leite condensado até transbordar. Então se lambuze. Pois a vida é muito curta para não se lambuzar vez ou outra, entre um filé de frango grelhado e uma salada.

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