Príncipes não existem. Até existem, mas passam longe de ser encantados. São humanos, cheios de erros, acertos, belezas e feiuras, como todos nós. Mas deixemos a realeza um pouco de lado e pensemos no nosso cotidiano, não tão real assim. Afinal, é hora de sair dos livros da infância e perceber que você passou sua vida atrás de algo mais falso que tênis adidas de 4 listras, o homem perfeito.
Em algum momento você conheceu alguém, que te deu frio na barriga, dormência na batata da perna e botou o coração para pagodear no peito. Era o tal boy dos contos de fadas dando as caras, finalmente, você pensou. Ingênua. Agora você olha para o cara sentado no sofá da sala, que não tira o olho da tv e se pergunta: quando ele deixou de ser meu homem dos sonhos? Em que ponto ele mudou?
Ele não mudou não, você apenas limpou as vistas embaçadas de uma paixão esbabacada e tá enxergando melhor. Sim senhora, aquela barriguinha já estava ali, talvez não desse jeito, mas ela já se insinuava faceira. E ele sempre falou de boca cheia, sim, assoprando farofa por todo canto. Nunca foi um galã de novela e sequer chega perto de ser perfeito. Porque é ele é um cara normal, comum e não saído de um romance de folhetim. Sabe o que faz dele um cara especial? Deixa eu te contar…
Ele acorda mais cedo para te trazer uma caneca de café na cama, porque sabe que você trabalhou até tarde no dia anterior e está incapaz de se mexer para encarar a vida, sem café. Ele te cedeu cerca de 70 por cento do espaço no closet quando vocês decidiram morar juntos e, apesar dos protestos, ainda faz vista grossa pelos outros 10 por cento que você anexou ao seu território.
Sempre é tempo de pizza com ele, portanto não há julgamentos, apenas parceria para aquela meia pepperoni-meia marguerita, pós balada, às duas da manhã. Assim como não há objeções quando o assunto é maratona de séries e pipoca caramelada ao longo do final de semana.
É seu companheiro para encarar os encontros estranhos de família, quando seus pais divorciados te deixam mais tensa que qualquer líder mundial diante de uma guerra eminente. Sempre tem a piada certa para quebrar o gelo, ou mudar o assunto para futebol. E é ele quem carrega suas malas mais pesadas, na hora de subir as escadas do prédio, mesmo que você as consiga carregar por si mesma.
Ele te leva para o mar, segurando você no colo e não te deixa se afogar (muito!) quando seu pé não alcança mais o fundo, porque sabe que você nunca aprendeu a mergulhar direito. Os braços dele sempre estão ali para você. Fortes, quentes e aconchegantes. Ele não consegue te proteger de todas as tristezas da vida, mas ameniza todas com um cafuné no cabelo e aquele chocolate quente no fim do dia.
Ele conhece teu corpo, tuas pernas, tuas mãos, tua pele…sabe onde te tocar e como fazer. Sabe teus medos, teus traumas e segura a barra quando você decide surtar e ficar de pijama, comendo nutella, durante todo o período de tpm. Ele te dá uns sacodes, muitas vezes, para colocar tua cabeça nos eixos, mas sempre seca tuas lágrimas quando elas começam a cair.
Ele, talvez, não tenha o charme dos caras das boybands adolescentes que você ouvia nos 90, ou o tanquinho de marombeiro do instagram e, possivelmente, não seja cotado para ser capa da Men´s Health deste mês. Porém, se olhar bem, ele ainda tem os próprios encantos que te cativaram. As mãos grandes que você gosta, os ombros largos, o olhar de que sabe o que você fez, o jeito de andar, o sorriso aberto, o queixo quadrado, a linha da testa, o cabelo…ainda é o seu cara.
Ainda é seu melhor amigo, aquele que sempre sabe como te acalmar e que te faz sentir uma mulher especial. É teu abrigo pros dias de chuva, tua companhia para os de tédio e teu apoio para os desafios. É ele quem tem o cheirinho de sabonete na barba, aquele perfume que você daria meio rim para sentir, quando a saudade bate forte. É ele quem te aninha no peito e te mantém aquecida quando o tudo fica frio e cinza. Não, ele não é encantado e nem vem num cavalo branco galopante, mas é ele quem você escolheu para tentar, com todo o esforço necessário, ter um feliz para sempre – ou, pelo menos, um feliz para o tempo que durar.