“Você sumiu…” (reticências). Mentira. O telefone continua armazenado, o celular ativo e eu tô aqui ó, morando no mesmíssimo lugar. Podia se dar pelo menos ao trabalho de inventar uma desculpa melhor já que resolveu dar as caras novamente, porque essa está mais batida do aquela vez que você fingiu estar doente para cancelar o nosso jantar. Ninguém mais nessa vida tem paciência para este tipo de conversinha fiada. Não sabe o que dizer comece pela verdade é sempre o melhor caminho.
Não deu valor quando deveria, se arrependeu, já curtiu demais com os amigos agora quer sossegar, achou que não era isso que queria depois descobriu que era, não interessa qual a sua razão. Fazer uso deste tipo de clichê não ameniza o seu retorno, muito menos quebra o gelo na porta de entrada. Acredite, na maioria das vezes a reação é inevitavelmente a mesma. A gente revira os olhos, dá uma risada desacreditada e se tiver de bom humor ainda responde na mesma moeda só pela curiosidade em saber o porquê da ressurreição justo agora.
Não, isso também não faz parte do processo de paquera. Se o desejo é o de uma nova chance nada mais bacana do que estabelecer uma confiança logo de cara abrindo o jogo sobre o real motivo da ausência de contato. Errar todo mundo erra e fases cada um tem as suas. Você não vai parecer nenhum alienígena ao admitir que estava confuso, despreparado ou que simplesmente naquele momento não estava com vontade de investir na relação. Pelo contrário, ser honesto aumenta e muito as possibilidades de uma quebra de barreiras.
Ninguém espera um ser humano perfeito, somos pessoas procurando por pessoas. Sem frases prontas, decoradas ou de efeito. E é justamente o que está escasso nos dias de hoje. Gente que assume as próprias escolhas e não tem medo de parecer vulnerável. Gente que começa um relacionamento sem máscaras, como tem que ser, com a esperança de ter a sua fragilidade abraçada sem nenhum tipo de julgamento. Ser sincero é tão legal, mas tão legal que ao invés de ter a mensagem ignorada a gente até consegue um pouco de reciprocidade mesmo tendo pisado na bola da última vez.
Se você não coloca as cartas na mesa eu digo: eu não sumi, você que não me procurou. Se estivesse realmente interessado saberia onde me encontrar, se não estivesse envolto em tantos pretextos poderíamos enfim ter nos dado uma oportunidade. Mas, não rolou, você não rolou. E quer saber, está tudo bem. Só que dá próxima vez que vir meu nome passando pelo whatsapp e pensar em me mandar alguma coisa seja um pouco mais criativo. Minha inteligência não merece ser subestimada pela sua falta de tato (e de tino).