• Pra Comer Comida Nova, É Preciso  Lavar os Pratos Sujos
  • Pra Comer Comida Nova, É Preciso


    Lavar os Pratos Sujos


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    As idas e vindas da vida, essa brincadeira tão dinâmica, tão maluca e cheia de incertezas, fazem com que tenhamos uma ânsia de querer tudo ao mesmo tempo e agora. Uma necessidade infinita de se provar, se lançar, se jogar – e tudo isso sem se preparar. Como se cada dia fosse mais do que o último – o único. Como se viver intensamente fosse uma obrigação. Sugar o máximo da vida, arregaçar os poros, acabar e começar com tudo o tempo todo. Devorar e reconstruir para, enfim, viver.

    Há quase uma perseguição pelo estado de felicidade plena – absolutamente ilusório, por sinal -, além de uma necessidade descontrolada de despertar atenção, estar no coração, no celular, na memória e na proteção de tela do outro. É tanto desespero que nos esquecemos de uma das tarefas mais importantes da higiene básica: limpar o prato sujo de feijão antes de se servir de manjar.

    Os pratos limpos da vida. Os pratos limpos pra comer comida nova, comida fresca, com temperinho de mamãe, a mãe-vida. Joga-se a comida nova naquele prato sujo, usado e cansado. Repleto de restos, de vestígios apodrecidos da antiga refeição que agora se misturam à nova, dando um sabor amargo ao banquete mais esperado que a vida te ofereceu. Tudo por conta daquele maldito prato ainda sujo.

    Em determinado momento o gosto de podre toma conta da sua boca, de você, da sua vida, e azeda aquele que seria o aguardado desjejum. Mesmo assim, saímos caçando onde de fato erramos a mão: se foi no pedido feito ao garçom, se foi na escolha improvável do menu da vida… Enquanto o problema todo era apenas o prato. Ah, os pratos. Os coadjuvantes de uma refeição. Se forem de porcelana, de papel, de vidro, de cristal, de plástico, de churrasco, tanto faz. O ideal é ter o prato. De quem ele é ou de que material é feito pouco importa. Desde que esteja limpo. Simples assim.

    A necessidade de esclarecer situações antes de criar laços e relações é a tal da limpeza dos pratos. Jogar água, eliminar resíduos pra comer feliz, com sabor, com calor e ter a satisfação garantida, sem o dinheiro de volta. É a metáfora da metáfora de “arrumar a casa, pra deixar alguém entrar”. Não é possível viver nada positivo, nada construtivo em cima de uma situação antiga mal resolvida, mal acabada, fodida. É preciso tempo, cautela, honestidade, verdade e – o principal – boa vontade consigo mesmo e com o outro. Tudo em seu devido lugar, arrumado, ajeitado e perfumado, para o próximo poder se achegar, se encontrar nos seus espaços vazios e ter liberdade para criar novos hábitos. Em casa limpa, comendo em pratos limpos.

    Se o prato está sujo, o resto é sujeira, é cagada, é coisa errada. E o que começa errado termina errado, certeza. Então, mãos à obra: vamos lavar os pratos. Pratos limpos: se não quer, não diga que quer. Se não vai, não diga que vai. Se tiver dúvida, fique onde está. O mais importante é o que se tem no coração, e não aquilo que está nas mãos. Criar laços com mentiras e meias verdades é querer comer em prato sujo e sentir o gosto do amargo. Laços feitos. Laços desfeitos. Laços refeitos. Sempre em pratos limpos, por favor.


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