• Vagina Pride: porque o buraco  é muito mais embaixo
  • Vagina Pride: porque o buraco


    é muito mais embaixo


    Brancas, negras, latinas, cissexuais, transsexuais, heterossexuais, homossexuais, gordas, magras, idosas, jovens e, acima de tudo, mulheres reais. Desprovidas daquele aspecto plastificado e surreal hollywoodiano. Essas são as mulheres de Orange is the New Black, série do Netflix que acabou de estrear sua segunda temporada e que trouxe o protagonismo feminino para as telas. E mesmo a história se passando em um presídio, essas mulheres fora dos padrões apresentam dramas mais comuns ao cotidiano feminino que qualquer novela das nove (óh-meu-deus-me-apaixonei-pelo-ex-da-minha-mãe!). Em um dos episódios as personagens se questionam sobre a anatomia da vagina: “qual é o buraco por onde sai o xixi mesmo?”. É preciso uma das detentas tirar as dúvidas das meninas com uma aula básica sobre a genitália feminina.

    E, surpresa: a maioria delas nunca tinham olhado suas próprias partes! Por mais engraçado que possa parecer, infelizmente, isso é uma realidade mais comum que você imagina.

    Recentemente, um usuário do Youtube publicou que estava em busca de mulheres que nunca haviam visto a própria vagina. Voluntárias que preenchiam esse requisito o procuraram e resultado foi a“Cabine da Vagina”: espaço para as mulheres se conhecerem enquanto ele filmava suas reações. “É apenas… Uma vagina normal… Isso fez eu me sentir melhor comigo mesma”, disse uma das convidadas. Seria cômico se não fosse trágico: as mulheres não conhecem o seu próprio corpo! Isso explica porque tantas têmdificuldade em chegar ao orgasmo. Se uma mulher não conhece o seu corpo, como ela vai descobrir o que lhe dá prazer? Isso também explica porque a masturbação feminina ainda é tabu, muitas têm vergonha falar sobre isso mesmo em conversas entre amigas e, PASMEM: 53% das brasileiras solteiras entre 18 e 25 anos jamais se masturbaram, segundo dados da pesquisa Mosaico Brasil. Apenas 4,2% dos homens responderam que nunca tinham se masturbado.

    Somos ensinadas que vaginas são feias, que são sujas, que cheiram mal. Há até uma gíria drag:“serving fish” usada para descrever uma drag queen muito feminina, reforçando a ideia ofensiva de que vaginas têm cheiro de bacalhau. Somos ensinadas a ter vergonha da nossa vagina: há quem nem consiga pronunciar a palavra e troque por eufemismos como “partes femininas” e “lá embaixo” como se esse substantivo soasse pejorativo. Nos mandam fechar as pernas, depilar desde cedo porque pelos são ~nojentos~, brazilian wax, usar sabonete antiodores pra ficar com aroma de rosas, mandam a gente tirar todos os pelos e colocar strass no lugar pra ver se fica mais bonito (“Parece como um globo de discoteca, é incrível!”, disse Jennifer Love  Hewitt, entusiasta doVajazzling). Há uma infinidade de cirurgias íntimas, clareamentos, tudo para ~melhorar a aparência~ da vagina.

    E isso me deixa na dúvida: até que ponto as mulheres que se submetem a essas técnicas exercem o seu direito de escolha ou são induzidas por uma indústria da estética que mais escraviza do que liberta? Parece que esses procedimentos só cumprem a função de “maquiar” a nossa vagina, mas nos impedem de olharmos realmente pra ela.  Não conseguimos nem pronunciar suas sílabas sem constrangimento. E isso é um absurdo pois o corpo feminino ser demonizado e considerado sujo é que deveria gerar constrangimentos. Uma mulher conhecer seu corpo e sentir prazer não deveria chocar, mas sim o fato de muitas nunca terem sentido um orgasmo.

    Te convido, então, a libertar sua vagina! A próxima vez que for se referir a ela, não se acanhe. Diga em bom tom: va-gi-na. VAGINA! E traga-a para a luz, pois ela é uma parte fundamental do seu corpo, tanto quanto um braço ou uma orelha, só que o prazer sexual vem por meio dela muito mais do que por qualquer outra região. Então por que não dar a ela o destaque e o protagonismo devidos, ao invés de simplesmente entendê-la como uma parte a ter em oculto? Repita comigo: VA-GI-NA!

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