O problema não é você, sou eu. Eu gostaria, mas não estou no momento certo. A vida é uma loucura, não conseguirei te dar a atenção que você merece. Tudo mentira!
As frases acima representam o método clássico da autopunição – mostro o quanto sou injustiçado pelas catástrofes da vida para que o outro lado não se sinta tão mal em ser dispensado. E, consequentemente, eu não me sinta tão horrível em dar um fora em alguém e consiga dormir tranquilo assistindo Game os Thrones.
Como sabiamente dizem as más línguas: não existe o “não quero namorar”. Existe o “não quero namorar… você”. E você não deveria se sentir menosprezado por isso. Afinal, existem chaves boas para fechaduras quebradas. E vice-versa. Ninguém é obrigado a aceitar você, assim como você não é obrigado a aceitar alguém.
Nosso subconsciente sabe quando estamos dirigindo por uma estrada asfaltada ou por uma repleta de lama. Sempre há o aviso inicial: normalmente aquele momento em que você pensa se está indo depressa demais ou na hora em que falou demais em um simples papo de whatsapp.
Se a estrada for boa, você sentirá um alívio. Afinal, está sendo recíproco. Você poderá dirigir à vontade, sem medos, sem receios, porque o outro lado entendeu que a viagem deve ser feita a dois ao som de The Killers. Agora, se você precisou brecar e parar no acostamento para refletir, com medo, caia fora. O outro lado não quer seguir viagem, por qualquer que seja o motivo, e não cabe a você se autojulgar para encontrar as razões que o fizeram desligar o carro. Talvez ele esteja sem gasolina para acelerar. E não cabe a você fazer o papel de Petrobrás.
Complicado encontrar o ponto certo entre desistir e aceitar. Talvez você pense que desistiu cedo demais ou que aceitou durante tempo demais (e se sinta inferior por isso). A melhor técnica para dosar o ponto certo é ouvir seu feeling (ou aquela voz que grita na sua cabeça). Se você acha que tem algo estranho é porque tem (ou terá). Se você não está se sentindo confortável por algum motivo é porque não está (ou não estará confortável no futuro). Simplesmente, ele não quer. Aceite e viaje sozinho! Sempre haverá alguém fazendo sinal na estrada.
O grande erro da sociedade atual (e coloco meus dois pés neste segmento) é querer ser aceito. Custe o like que custar. Transformamos isto em obsessão, não apenas no mundo virtual. Quando não somos aceitos, tendemos a relutar, a nos tornarmos paranoicos, insistentes, chatos! “Como ele pode não querer ficar comigo? Impossível!”. Mas o subconsciente – uma espécie de Facebook de fábrica – já piscava a mensagem há tempos. Apenas recusávamos a marcação.
