• Só se vê bem com o coração
  • Só se vê bem com o coração


    A gente atrai exatamente a tempestade que a nossa calmaria precisa. É praticamente um mantra que se repete sem que a gente perceba a força da intenção. Sempre gostou de morenas, mas se apaixonou perdidamente por uma loira. Espalha pelos quatro ventos de que precisa de um cara tranquilo ao seu lado, porém todo o seu histórico de parcerias inclui homens que adoram aprontar por aí. Pede para o universo, para Iemanjá, para a moeda que é jogada para cima em um golpe de sorte para que seja abençoado (a) com um amor desses de cinema e quando a chance finalmente aparece a gente pisa no merecimento. Você já parou para pensar que talvez seja o vulcão e não a brisa da manhã que traz a paz de que o seu coração tanto precisa?

    A gente frequentemente se apega a estereótipos na crença ultrapassada de que é aquilo que o nosso desejo carece. Coloca uma viseira, um cabresto invisível, uma lente seletiva que só permite mirar por inteiro quando se está diante daquilo que se espera ver. Constatação da vida: o “felizes para sempre” quase nunca está atrelado às suas preferências pessoais. Você pode ter namorado o típico cara de academia a sua vida inteira que bem provavelmente quem vai te sorrir na beirada do altar é um barrigudinho. Da mesma maneira, se a atração fatal sempre foi voltada para as despojadas, acredite, quem te rouba da vida bandida é a tímida do cursinho. Estereótipos só existem para quem não conhece o amor. Quanto ele chega não existe fantasia que não se cure, nem feitiço que nunca se acabe.

    O engraçado é que a atração pelo oposto das vibrações que a gente emana para o universo é praticamente inevitável. Você pede todos os dias pela pessoa certa, mas só cruza o caminho das erradas. E ainda assim se ama. Louca e perdidamente porque talvez, só talvez, seja exatamente do avesso que a sua ponderação precisa para ser feliz no grosso do sentimento. A gente basicamente faz um “estágio” com as pessoas/relações que insistem em bater na tecla do querer, que é para quando o que a nossa essência realmente precisa virar a esquina do nosso coração, se saber precisamente como se comportar para sustentar o amor.

    Bom é assim, satisfazer as vontades dos cinco sentidos do corpo, para enfim saciar os desejos da alma. O destino não costuma errar. Na hora certa, no momento certo, com o olhar necessário, o contexto se modifica. Daí o seu melhor amigo ou aquela colega de faculdade, contra todas as apostas, magicamente se transformam naquele arco-íris doce depois da tormenta: inesperado e absolutamente imprescindível. A gente encontra pela travessia os obstáculos que, naquela estação, devem ser ultrapassados. Cada pequeno romance que bagunça o nosso discernimento deixa um pedaço de si e uma visão enorme do mundo dos relacionamentos lá fora. Mais do que importante isso é essencial para preparar a nossa vivência para quando o relógio da permanência finalmente tiquetaquear. Precisamos estar prontos para o único estereótipo que deve fazer parte das nossas vontades: aquele que irradia reciprocidade.

    Aproveitar sempre e muito cada loiro atrevido, cada morena de cabelos cacheados, de todas as pessoas que nos tiram o juízo, a razão, o bom senso, para saber valorizar o silêncio quando o furacão passar. Desista, a não ser que você seja fruto de um acaso muito afortunado, lá na frente quem fica é o inimaginável, que costuma ser o contrário de tudo que a gente sempre esperou. Esse para mim é o real significado de sorte. Ser contemplado com amores tão verdadeiros, entregas tão singelas e um respeito tão bonito que chega a questionar o nosso merecimento.

    Se os ventos anunciarem tempestade não hesite, abra portas, janelas e deixe o vendaval levar embora as inconsistências tão buscadas pelos olhos. “Só se vê bem com o coração”, já dizia o pequeno príncipe. Só se vê bem quando a gente deixa os julgamentos e os pré-conceitos de lado e dá corda no ponteiro da felicidade, seja ela alta, magra, tatuada ou meio abobalhada, o que importa é o quanto ela te permite sorrir. Repito, a gente atrai exatamente a tempestade que a nossa calmaria precisa. O amor pode vir vestido com as cores que tanto se esperou, ou não, pode te surpreender com um livro de colorir para você pintar as nuances deste romance da cor que você bem quiser. Aceita, abraça e ama. Ou apenas ama e esquece a cor do cabelo, o que faz a diferença é o que se encontra debaixo dos panos. E só.

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