Ouvi dizer que ele simplesmente sumiu e que não teve nem a decência de se despedir. Que parou de enviar mensagens do nada e que esse fim silencioso te doeu no fundo e que te matou também um tantinho por dentro. Ouvi dizer ainda que você, que já era meio descrente no amor, agora tinha assumido o ateísmo de vez.
Ouvi dizer que ele parecia ser diferente, que te olhava com os olhos que gritavam sinceridade, que parecia gostar mais de você que você dele, que queria te ver toda hora, que dizia sentir saudades minutos depois de te deixar em casa e que mesmo sem nunca cobrar nada, você o assistiu te oferecendo muito. Ouvi dizer que ele foi o cara mais fofo que você conheceu, que te incluiu na vida dele, junto com mãe, cachorro, travesseiro e melhores amigos pra depois, incoerentemente, te excluir como se você fosse mais um alguém que ele divide um quarto no meio de uma estrada qualquer.
Ouvi dizer que você sentiu muita vontade de mandar mensagem, mas que aquela última conversa estranha entre vocês te impediu de tocar o ‘Enviar’ do Whatsapp. Ouvi dizer que você esperou que ele viesse puxar papo, que desse qualquer sinal mínimo de interesse e que até o travesseiro ficou molhado durante algumas noites, transformando o resto da sua esperança inocente em água salgada feita de decepção.
Ouvi dizer que as suas amigas não entenderam nada, que elas apostaram todas as fichas em vocês e que também tinham se encantado por aquele jeito tão estrategicamente desajeitado dele. Ouvi dizer que você se culpou, que ficou tentando achar uma explicação e que até se arrependeu das coisas que disse e, principalmente, das que deixou de dizer.
Ouvi dizer que todos os meses insistem em passar com um filme na sua cabeça e que parece mais difícil esquecer quando tudo que você lembra são coisas boas por nem ter tido tempo de conhecer as ruins. Ouvi dizer que você andou com receio de sair e não saber agir com a indiferença que ele merece e com a maturidade que você conquistou até aqui.
Ouvi dizer que, apesar disso, aos poucos está ficando mais fácil, que você está conformada com esse adeus mudo que ele te deu tão facilmente e que enxergou, de um jeito chato, que o mundo está cheio de pessoas que estão pouco se fodendo com a bagunça que deixam pra trás quando resolvem seguir em frente. Ouvi dizer também que te disseram muita coisa bacana e que você está cada vez melhor, mas que, ao se ver no silêncio do seu quarto, ainda sente um buraco doído bem no meio do estômago.
Ouvir dizer tudo isso e é você que precisa me ouvir dizer agora: Ele só saiu de fininho por medo de te acordar desse sonho bonito e perceber que ele nunca foi realidade. Acorda e entende que todos os errados irão, pois é assim que a gente aprende a ficar quando o certo aparecer… Eu sei porque já ouvi essa história antes e, te garanto, não é assim que ela termina.
