Carregamos egos inflamados e sensíveis, eis a verdade. Talvez você não se reconheça nessa afirmação, afinal de contas a maturidade emocional um dia chega pra todo mundo. Mas enquanto ela não chega, num mundo multimídia e refém da imagem como o de hoje, viramos seres muito centrados no eu. Não é à toa que diversas linhas de pesquisa e teorias chamam a minha geração de “Me Me Me” – em bom e claro português, seria algo como “Eu Eu Eu”, mas também pode ser a Geração Mimimi.
Nos importamos muito com o que queremos e acreditamos ser capazes de tudo. Se não e´do nosso jeito, não é tão bom assim. Fomos um pouco mimados demais, inclusive nos relacionamentos. Quando a gente se depara com uma questão que fura nosso ego então, saia da frente, vem tempestade por aí. Falo isso por mim e por um bando de gente que eu conheço, principalmente quando o assunto são nossos ex-relacionamentos. Ex é um tabu tão grande e de tamanha profundidade que qualquer veredito unânime sobre a questão é equivocado. Mas ouso dizer que nós, seres egocêntricos e um tantinho apegados e possessivos, nunca vamos nos libertar da angústia de saber que um ex nosso conseguiu nos superar.
Sim, eis outro fato: seu ex um dia vai te esquecer.
Por mais natural que isso pareça, explico os motivos pelos quais é difícil de encarar que isso vá acontecer. Independente de quem terminou, independente dos resquícios que ficaram do relacionamento, nós morreremos de medo de sermos esquecidos. Queremos continua vivos ali na memória do outro, sabendo que fomos amados, sabendo que o tempo que passamos juntos ainda deixa algo. Ninguém gosta de passar em branco na vida do outro, e uma parte bem imatura da gente reza pra que fiquemos pra sempre na cabeça do outro. Pode ser por conta de uma vingancinha besta por conta de um término ruim ou apenas um capricho fútil nosso que insiste em nos dizer repetidamente como somos importantes para alguém.
O esquecimento faz parte do curso natural dos relacionamentos. Se não esquecemos, pelo menos colocamos a prioridade de uma pessoa na nossa vida de lado. Ao contrário de nos sentirmos angustiados com o fato de que estamos sendo ou já fomos esquecidos, deveríamos focar em outra perspectiva. Não passamos em branco, pelo contrário, fizemos parte da história de alguém. A convivência gerou memórias, episódios conjuntos, fatos importantes que tiveram lá sua importância no período em que aconteceram. Isso não nos desqualifica como amores passados, apenas abre espaço para que outras pessoas surjam na vida do seu ex-amado. E, se a gente tentar ser um pouquinho menos egoísta, vai perceber que a mesma coisa acontece (ou deveria acontecer) conosco. Deveríamos conhecer novas pessoas e deslocar quem já passou do nosso topo de prioridades, abrir espaço para o novo, para a construção de novas histórias. Desapegar do passado e da ideia possessiva de que todo mundo que passou pela nossa vida um dia nos pertence. Não pertente. Pessoa nenhuma é lugar de repouso. Basta que a gente entenda o que isso significa e encare de bom grado a passagem do tempo, das pessoas e dos nossos amores.
