• O mundo anda hostil: eis a realidade que  bate cada vez mais forte à nossa porta
  • O mundo anda hostil: eis a realidade que


    bate cada vez mais forte à nossa porta


    Vivemos uma geração de números – milhares de seguidores, likes, matchs e reposts, e ninguém inteiro, profundo, completo. Um mar virtual de gente vazia, coleções intermináveis de relações superficiais. O egocentrismo tem nos privado dos grandes encontros.

    Ninguém parece se importar com a alma do outro. É descolado conhecer centenas de pessoas e não se relacionar a fundo com quase ninguém. Enxergar a superfície que o outro teima em revelar e ignorar aquilo que há de verdadeiro, mas que só se pode encontrar com boa vontade e um pouco de paciência. É o que nos falta: paciência para cativar o outro. O amor pede passagem.

    “São tempos difíceis para os sonhadores”, diria Amélie. E isso quase nos faz perder por completo as esperanças em um mundo mais habitável para as almas intensas, mas eu ainda acredito: grandes corações fazem brotar amor nos terrenos mais íngremes.

    Eu tenho a sorte de conhecer algumas pessoas que ainda compreendem que “só se vê bem com o coração.” Aqueles que se deixam cativar, mesmo compreendendo o quanto isso é arriscado numa geração tão líquida e superficial.

    Como quando decidi mudar de cidade e encontrei uma alma linda e imensa que, mesmo nunca tendo dividido sequer uma cerveja comigo, me acolheu com o desprendimento que só se acha nos grandes corações: dispôs-se a me mostrar a cidade, me apresentar a um grupo de teatro e me hospedar por uns dias até eu decidir se queria mesmo ficar. E deixe eu contar um segredo: Eu fico – e demoro – em qualquer lugar onde ainda haja o amor em estado bruto.

    Ou quando conheci um ser humano lindo a caminho de viagem e terminamos, no mesmo dia, no mesmo camping, gargalhando como velhas amigas. Descobri que era o aniversário dela e era o meu compromisso fazer com que ela tivesse um dia sensacional: com um pingente artesanal de presente, um vinho e um dia de boas histórias. Somos amigas até então, e por uma razão simples: Nós criamos laços. Nós nos permitimos isso.

    E é essa a mágica da vida: descobrir o outro para além do superficial. Desviar os olhos de nossa própria rotina, de nossos próprios planos, de nosso próprio umbigo, e aprender a descobrir o outro, tão profundamente a ponto de nos fazer compreender o próprio mundo. A palavra de ordem é profundidade – curtir além dos likes, amar além das mensagens de aniversário, entregar-se além da liquidez dos amores modernos. O mundo anda mesmo hostil – mas isso não significa absolutamente nada para almas intensas e corações dispostos.

    ass-nathalie


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