Ela espeta o dedo e cai adormecida, come uma maçã e desmaia, ou morre ao lado do seu Romeu devido a uma falha na comunicação entre ambos. A fórmula é sempre muito parecida, já notou? A mocinha sofre feito os condenados às galés, de Victor Hugo, e sua estória fica imortalizada. Mesmo o romance sendo vago, sem base e completamente instantâneo, vira inspiração para gerações, como se fosse normal ficar sofrendo por amor.

A literatura nos ensinou a buscar e suspirar por tragédias amorosas, como se elas fossem românticas, o cinema propaga isso e a música embala tudo e todo papel de trouxa. Mas pera, oi!? Como assim minha gente? Não faz sentido esse amor sofrido, cheio de revezes. Pode parar por aí.

Claro que relacionamentos dão um trabalho enorme e que, em vários momentos, você pensa em desistir e mandar o outro pastar bem longe do seu quintal. Mas segura aí essa barra que é gostar de alguém, como diria o pagode da década passada.  Encarar uns perrengues está dentro da normalidade, não dá para evitar. Agora, se você ainda acha que um romance tem que ser trágico para ser bonito, meu bem, você precisa mudar isso.

Ninguém, jamais, sob hipótese alguma deveria aceitar o sofrimento contínuo como parte da rotina de casal. Porque não é. Convivência boa deve ser leve, fluída, trazer paz pro dia a dia e sorriso pros lábios. Portanto, se está vivendo algum tipo de relacionamento abusivo, seja ele psicológico ou físico, livre-se disso o mais rápido e urgente possível.

Moça, amor não te destrói por dentro, não te faz dormir machucada e muito menos sentindo-se abandonada. Entenda isso. Os desastres  amorosos são bonitos e românticos na arte, mas acredite, são apenas desastres. Morrer de paixão não é necessariamente amor. Um relacionamento que exige demasiado esforço deve ser pesado e medido, amor não pode trazer tragédias cotidianas para sua vida.

Portanto, não se deixe prender pelo medo da solidão, ou de qualquer outra dificuldade. Se estiver, neste momento, com a alma pesada, agredida e magoada é hora de arregaçar as mangas e fazer as malas. E você é sim, forte o suficiente para recomeçar sozinha e matar os próprios dragões da estrada.

Talvez tenha de levar muita tristeza na bagagem de mão, verdade, mas tem tantas coisas bonitas nessa vida. Vai ser prazeroso ver que, durante o caminho, as malas vão pesar cada vez menos e o sofrimento vai ser substituído por novas emoções, menos sofridas e menos traumatizantes. Os dias cinzas que você tem vivido darão lugar a um sol ameno, daqueles que aquecem as manhãs congelantes do inverno sulista. As feridas vão sarar e você vai sentir a paz de não estar à deriva neste mundo.

Então, não seja refém de ninguém, nem de si mesma. Liberte-se do que te aflige, valorize-se porque sim, meu bem, você tem muito valor. Não deixe que ninguém te diga o contrário. Vai lá, coloca uma música que te fale ao coração, deixa a esperança invadi-lo e recomece. Porque você é sim capaz. Todas somos.