Não se pode ter medo de perder aquilo que não se tem. essa é a lógica, mas o que você diria? Fuck the logic.
E eu tenho medo de perder você. De que você simplesmente escape do meu campo de visão – na verdade, não consigo sequer pensar sobre isso. é patético, eu sei, e exatamente por isso, no que depender de mim, você nunca vai ler essa merda.
E agora que eu sei que você provavelmente jamais lerá, eu posso ficar a vontade pra me empenhar no ofício de ser ridícula.
Não que haja qualquer vergonha em ser rejeitada, não há. Eu mesma já o fui algumas vezes, perdi as contas de quantas vezes, isso acontece muito quando você escolhe ser direta. Mas há vergonha em desistir e ao mesmo tempo continuar insistindo. É isso que tenho feito mantendo você por perto, você sabe.
Você sabe que estou aqui fingindo demência, fingindo que não me importo todas as vezes em que você em fala dela com esse ar ridículo e apaixonado.
Mas você não sabe o quanto me sinto ainda mais ridícula que você. Você não sabe que todas as vezes que você me diz que ela é incrível eu tenho vontade de te dar um soco. (Nota: isso não é uma metáfora). Você não sabe o quanto eu quero que você se foda até deixar de ser burro.
Honestamente, eu quero muito uma taça de vinho agora (deve ser porque estou ouvindo Charles Bradley), mas eu quero muito mais é que você se foda. Eu trocaria todas as taças de vinho do mundo por essa cena: você, derrotado e decadente numa mesa de bar por essa mulher que não te quer, exatamente como eu estou agora.
Quero que você escancare toda a sua inabilidade patética que se revela quando você se apaixona. Quero que me diga com todas as letras o quão trêmulo você fica quando a vê e o quão fraco se sente quando ela te rejeita. quero formar no meu imaginário burro (de tão fértil) essa imagem ridícula, insípida e desprezível, até que tudo o que você tem de atraente seja aniquilado.
Não me sinto uma pessoa horrível por isso. Me sinto horrível por várias coisas, mas não por estar por perto pra ver o trágico fim da sua paixão patética. Isso também se importar, sob um ângulo qualquer que eu também não enxergo, e, compreenda, é a única maneira de me salvar do meu próprio platonismo, e eu realmente espero que você não se sinta traído por saber que sorrio amarelo enquanto espero que ela te dê outro pé na bunda.
Quando acontecer, perdoe a minha gargalhada.
