Aquele amor que te bagunça por dentro, que te faz revirar o mundo de ponta cabeça e esquecer das próprias prioridades. Aquele que te deixa de olhos vermelhos, de humor azedo e de coração ferido. Que te coloca em segundo plano, que não dedica tempo de qualidade, que some sem motivo, que vira o jogo e te deixa carregar sozinho todos os problemas. Que te larga à deriva em meio a própria dor, que não sente empatia pelos seus sentimentos, que coloca-se sempre em primeiro lugar e jamais ouve seus gritos de socorro.
É o tipo que abusa da emoção alheia, que parasita o sorriso de quem está por perto e que sobrevive às custas da infelicidade das pessoas. Este amor é tóxico, é amor de restos, amor que não acompanha, que anda sozinho e nunca estende a mão. Você precisa urgentemente livrar-se dele, antes que seja consumido. Você precisa excluir da agenda de telefone, do baile de formatura, do fim de semana na praia e da rotina.
Liberte-se antes que seja tarde, antes que as feridas do desamor fiquem tão profundas e difíceis de cicatrizar. Ou que o corpo denuncie a tristeza do peito e te coloque em filas de farmácia e consultórios, buscando uma droga que te faça parar de doer a alma. Você precisa livrar-se desta toxina porque o paliativo, para o efeito colateral dela, não existe. E mesmo o tempo, reconhecido pelo dom de amenizar o desespero, às vezes é insuficiente para apagar os traumas dos olhos.
Então, dê jeito de pontuar o final nessa história de descabimentos, de sacrifícios e de pouca auto estima. Coloca as tempestades da vida para secar no sol do meio dia e deixa que o vento dá conta de levar as mágoas. Não dedique suas horas ao que te faz sentir vazio de si e muito menos a quem te coloca sentado no fundo do poço, sem uma luzinha sequer para clarear as madrugadas solitárias.
Acabou e você sabe. O respeito por você mesmo se foi, seu amor está em banho maria, esperando eternamente por dias melhores que não virão e que sequer dão sinal de estar por perto. É chegada a hora de acudir a própria melancolia, de fazer as malas da alma e levá-la para aquele canto sossegado à beira mar. Você precisa desintoxicar a consciência, o raciocínio e seu corpo que viciou-se na insatisfação de um relacionamento doente.
Não deixe para depois, não deixa que o tempo perdido te corroa os sonhos e a alegria dos dias. Ouça a solidão que te implora por atitude, por sair da cama, do sofá e do marasmo que te emudece e impede de gritar alto: basta! Basta de choros no meio da madrugada, de pessoas ímpares que relacionam-se sem desejo algum de ser par, de ignorar os próprios anseios e conviver com o egoísmo alheio, de bebedeiras para fugir da realidade, de prazer renegado e de sorriso forçado.
Existe um amor lindo e sincero esperando por você. E ele mora dentro de você mesma. Quando você descobrir esse amor, todos os outros virão como consequência.
