• Os perigos do “amor” em excesso
  • Os perigos do “amor” em excesso


    A linha entre um relacionamento doente (ou doentio) e uma parceria saudável é bem tênue. Se a união é de longo prazo ou a convivência deixou as coisas cômodas demais ultrapassar esse limite pode ser algo bastante sutil. Tudo pode ficar bem feio muito rápido e ainda assim a situação passar “despercebida”. Os olhos deixam de ver. Admitir que uma relação passou do ponto pode ser incrivelmente inconveniente para o amor próprio. O lugar comum, apesar dos pesares, é confortável, sólido e constante. Mexer com esse equilíbrio é perigoso, nunca se sabe quais alicerces serão fortes o suficiente para permanecer.

    No começo é tudo lindo. O ciúmes, a vontade de estar junto a todo instante a ponto de você nunca conseguir um segundo para respirar sozinha(o), os milhares de telefonemas e mensagens quando finalmente se consegue pegar um cinema com as amigas e, claro, o bom e velho check up no celular. Mas, o outro só está preocupado, sente saudades e quer ter certeza de que vale a pena toda a confiança que ele deposita em você, certo? Errado. Muito errado. Quando o excesso de “zelo” começa a incomodar é porque tem alguma coisa bem fora do lugar nessa relação. Relacionamento não é prisão, se a gente se sentir algemado é uma boa hora de repensar o significado desse amor.

    Nada em excesso é legal, nem mesmo de dedicação. Em uma parceria, o nível de envolvimento deve ser igual para ambos os lados. Se uma das partes investe mais pode acabar se sentindo lesada num contexto geral. O resultado são expectativas frustradas e a transferência da culpa que, por fim, acaba em brigas, muitas vezes em traições e no desgaste do todo. Por isso é tão importante esta consciência individual de reciprocidade. Cada um oferece aquilo que pode, quer e tem. Não o que você espera. É preciso respeito para aceitar as particularidades de cada um e muito amor para abraçar todas elas como se fossem suas. Barrar a cerveja de quinta com a galera do trabalho ou o pilates religioso de toda segunda não mantém ninguém entre cercas, pelo contrário, só afasta.

    A gente sempre precisa se perguntar qual a parte que nos cabe no nosso relacionamento. Por milésimos de exacerbação a gente passa de fofa à carrasca sem nem se dar conta. Aquele que a gente escolheu para dividir o caminho não é nossa propriedade privada. Ele não tem obrigação nenhuma de estar disponível 100% do tempo, ele não escolhe amigos com base nos nossos gostos, muito menos deveria deixar de frequentar lugares ou fazer os programas que curte simplesmente porque não nos agrada a ideia do outro longe dos nossos olhos. Se não existe um mínimo de confiança já digo logo que esta é uma relação que não deveria existir. Nunca.

    Dependendo do grau de “invasão” da individualidade do outro ultrapassar esta barreira pode sim ser um caminho sem volta. O amor, assim como diversos outros sentimentos, perde a força e as razões. O que deveria ser a cura de todos os males passa a adoecer tudo de bom e bonito que existe dentro da gente e a flor, antes vistosa, padece. Tudo é questão de aprender a delimitir e honrar certos limites. Não somos donos da vida de ninguém. Está em busca de controle compra um videogame que dá muito mais ibope. Mas, só não se esqueça de que todo jogo virtual tem um fim e até onde eu sei a gente não namora pra acabar, a gente namora pra ser infinito. Para o outro e para nós mesmos. Sempre.

    danielle-assinatura


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