• Bichos de estimação mudam vidas
  • Bichos de estimação mudam vidas


    Sua vida não permanecerá a mesma depois da chegada deles, acredite. Depois que entram em sua casa – seja por insistência da sua namorada, seja por um encontro inesperado promovido pelo acaso -, não dá para se manter indiferente, fingindo que a afirmação “ter bichos faz bem à saúde” é uma mentira. Não dá!

    Mesmo que você não seja conhecido na praça por amar incondicionalmente – à la Luisa Mell – os animais e que sinta dificuldade para compreender a razão que leva certas pessoas a beijarem bichos na boca, saiba que mudará – de maneiras que até o momento considera impossíveis – se um dia acabar convencido a dividir sua existência com um pet. Como eu sei? Aconteceu comigo…

    Se antes o sofá me parecia importante, objeto pelo qual valia a pena lutar com unhas e dentes, hoje, depois da chegada dos meus gatos, percebo o tempão que perdi sofrendo por troços que não têm coração e não nos dão carinho.

    Agora, por causa de ronronadas que atenuam a tristeza e bichanos que deitam sobre a minha barriga nas vezes em que o mundo todo parece me considerar invisível, eu quero que o sofá se dane – ou melhor, não ligo se for desfiado até virar pó.

    Agora, felizmente – e graças ao tanto que os gatos já me deram e destruíram -, não ligo mais para copos, almofadas, fones de ouvido, calças jeans… Afinal, não passam de coisas, certo? E, como bem dizia um imã de geladeira que a minha gata Samira comeu, “as melhores coisas da vida não são coisas”.

    Posso, facilmente, dividir minha vida em “antes dos gatos” e “depois dos gatos”; e apesar de precisar peneirar fezes todas as manhãs e gastar parte considerável do meu salário em ração, está bem melhor agora, depois dos gatos. Estou bem melhor com eles, mesmo sabendo que dificultarão o planejamento das minhas próximas viagens, que insistirão em subir no teclado quando eu estiver em meio a textos importantes e que, vez ou outra – como aconteceu ontem -, vão me obrigar a engolir o choro e forjar um sorriso para não deixar minha namorada ainda mais preocupada.

    Antes dos gatos, eu desconhecia o aperto que dá quando os vemos passando por alguma dor ou desconforto. Ontem, no entanto, após o Temaki precisar passar por uns procedimentos para desobstruir a uretra e eliminar urina, eu senti na pele a dor dele; e o ardor de não conseguir explicar porque eu, que vivo a cafunezá-lo e agradá-lo com petiscos, havia permitido que o furassem, sondassem e fantasiassem de abajur. Impotência da pior qualidade, pode apostar.

    Logo eu, que sempre chamei de “bobo” quem muda a voz para falar com os animais e que achava absurdo conversar com eles, flagrei-me afirmando, num tom infantil: “Temaki, você logo vai voltar para casa, tá bom? E quando isso tudo passar, eu prometo que vou lhe comprar aquela casinha que sempre considerei cara. Que tal?”. Doido, né? Para quem nunca teve um bicho, talvez. Pois só os deixando entrar em sua vida para entender o quanto eles nos fazem amá-los e perceber que, sem eles, apesar de mais barato e menos preocupante, a vida é bem mais chata.

    E se você, até agora, não entendeu o porquê de um texto deste num site que fala, predominantemente, de relacionamentos, explico. Depois que um animal entra em nossas vidas, todo o conceito de relacionamento muda: percebemos o quanto complicamos as coisas por vaidade e outras “humanices”; e de lambida em lambida na cara, fica mais fácil diferenciar o que realmente importa das preocupações e bugigangas sem valor que nos ensinaram a dar importância. Fica bem mais fácil entender que uma relação é, basicamente, troca de carinho e vontade de estar junto, e que o resto – que vive a me servir de pauta por aqui – na maioria das vezes não passa de picuinha e pulgas atrás da orelha criadas pelo bicho homem.

    Por fim, se finalmente o convenci a deixar um bicho entrar em sua vida, uma sugestão: em vez de comprar uma raça ostentação da moda – dessas que pipocam em fotos do Instagram e são exibidas em shoppings como se fossem bibelôs -, adote um dos tantos seres que estão por aí, só esperando para dar e receber amor do tipo mais genuíno.

    Os bichos de estimação mudam vida, é isso…

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