Depois de algumas horas no Happn, enfim surge a pergunta:
– Quer migrar de plataforma?
Não. Queria migrar para o teu sofá. Ou melhor, espera, quem sabe você migra pra cá. Queria te ver em tamanho real, movimento, três dimensões. Isso não foi uma cantada. Estou falando sério. Pode parecer meio antigo, mas a gente podia conversar. De verdade, sem edição. Fala o que vem na cabeça e se for ruim a gente ri. Se não tiver graça, tudo bem. Ninguém tem obrigação de se gostar. Muito estranho?
Pensei nisso essa semana. Estava no supermercado, comprando qualquer coisa pra jantar sozinha. Roupa de academia, rabo de cavalo, telefone apitando lá na seção de congelados.
Queria um encontro real. Conhecer alguém sem saber o background todo. Dane-se o que você comeu, onde saiu, quem namorou. O que temos pra hoje, digo, daqui pra frente?
Estamos perdendo tempo. É todo mundo novo ainda e a gente fica aqui nesse bla bla bla insosso como se não tivesse corpo. Só palavra, emoticon, hahaha, hehehe porque senão ofende. Um monte de foto, intriga, ostentação e todo mundo sozinho. A gente leva o telefone para o banheiro, cara. Não diga que estamos bem.
Talvez não tenha sido um bom exemplo, mas o que eu pensei é o seguinte: Se não tem frustração, se não tem fome, se não tem erro, se não tem medo, como pode ser eu?
Você pode decorar essa timeline de trás pra frente e não vai me conhecer. Share, like, hashtag são só ingredientes pra gente se inventar. San Junipero, do Black Mirror, já existe. É mais um tabuleiro para toda essa fantasia que a gente vem vivendo por aqui.
Bom, eu só queria te dizer quê. Humm, tudo bem, entendo. Pode ser outro dia, claro, pode sim. Faz assim, então: me add no Face. A gente vai se falando : )